Segunda campanha de voo do projeto SONORA da Comissão Europeia
De 20 a 22 de novembro, foram realizadas as segundas provas de voo do SONORA (Support to Standardisation Actions for EGNOS and Galileo in the U-Space), projeto da Comissão Europeia e desenvolvido por um consórcio liderado pela VVA Brussels e do qual fazem parte a GMV, CATEC, MCI e RP Legal & Tax.
Financiado pela Comissão Europeia, o projeto SONORA tem como objetivo fundamental o desenvolvimento do futuro da indústria U-Space e dos sistemas aéreos não tripulados. O U-Space é o conjunto de serviços e procedimentos que estão a ser desenvolvidos para possibilitar um elevado número de operações com aeronaves não tripuladas, de forma ordenada, fluida e segura. A Comissão Europeia estabeleceu um quadro regulatório que permitirá gerir o tráfego de drones de maneira automatizada e integrada com a aviação tripulada. O Ministério dos Transportes, Mobilidade e Agenda Urbana de Espanha estabeleceu o Plano de Ação Nacional para a Implementação do U-Space (PANDU) para cumprir esta regulamentação europeia.
Segundo dados da Comissão Europeia, o mercado de serviços de drones na Europa poderia atingir em 2030 um valor de 14 500 milhões de euros e criar 145 000 postos de trabalho.
O projeto SONORA propõe revolucionar a indústria, incorporando os serviços do Sistema Global de Navegação por Satélite Europeu (EGNSS) às suas normas e regulamentos, ao mesmo tempo que fomenta a implementação de soluções baseadas em EGNSS no contexto U-Space. O EGNSS é um sistema de navegação por satélite que proporciona serviços de posicionamento, navegação e sincronização de tempo na Europa. Consiste em dois componentes principais: o sistema Galileo e o sistema EGNOS. O Galileo é um sistema global de navegação por satélite com 30 satélites em órbita, ao passo que o EGNOS é um sistema regional que melhora a precisão e a integridade dos sistemas de navegação por satélite existentes na Europa.
No âmbito do projeto SONORA estavam previstas duas campanhas de voo, uma em contexto aberto e outra em contexto urbano. A primeira teve lugar em novembro de 2022 no centro ATLAS (Centro Tático do Laboratório de Tráfego Aéreo para Sistemas Avançados Sem Tripulação), situado em Jaén. O seu objetivo foi compilar e analisar dados GNSS (Global Navigation Satellite System) recolhidos por diferentes equipamentos e tecnologias para apoiar o desenvolvimento e a verificação de normas e avaliar vários serviços EGNSS novos, como o Galileo HAS (High Accuracy Service) e OS‑NMA (Open Service - Navigation Message Authentication), num contexto isento de obstáculos.
Para isso, foram apresentadas e levadas a cabo diferentes missões com sistemas aéreos não tripulados (UAS) em situações reais, como por exemplo, na vigilância de autoestradas, em perseguições com veículos ou na deteção de intrusões.
Uma primeira análise dos resultados obtidos durante estas provas permitiu chegar a interessantes conclusões no que se refere às configurações e frequências GNSS utilizadas, assim como à influência dos diferentes sistemas envolvidos no controlo da aeronave no erro de posicionamento total. Em condições geométricas similares no que se refere à distribuição por satélite e à disponibilidade, a precisão do Galileo é superior à obtida por GPS, aumentando significativamente com soluções de dupla frequência em comparação com as de frequência única, com uma margem de erro baixa.
Segunda campanha de voo em Benidorm
As segundas provas de voo de drones do projeto SONORA realizaram-se entre os dias 20 e 22 de novembro em Benidorm (Alicante, Espanha). Durante três dias, analisaram-se os resultados de um estudo similar ao primeiro ensaio, mas num cenário urbano, mais complexo em termos de navegação. Incluiu-se o uso de recetores GNSS hibridados com outras tecnologias, como por exemplo as de medição inercial (IMU), utilizada para medir a velocidade angular e a aceleração de um objeto, permitindo uma análise de movimento em profundidade.
O objetivo principal deste segundo e último ensaio foi compilar dados relevantes para a mobilidade aérea urbana de sistemas aéreos não tripulados. Para isso foram avaliadas as capacidades e o rendimento das soluções GNSS híbridas em contextos urbanos. As soluções GNSS híbridas são sistemas de navegação que combinam a tecnologia GNSS (Sistema de Navegação Global por Satélite) com outros sensores, como câmaras, tecnologia Lidar de deteção e localização por luz para medir distâncias e movimentos precisos em tempo real, IMU (Unidade de Medição Inercial) e odómetros. Estes sistemas são utilizados para melhorar a precisão e fiabilidade da navegação em contextos urbanos e em interiores, onde o sinal GNSS pode ser fraco ou sofrer interrupções. As soluções GNSS híbridas são utilizadas numa grande variedade de aplicações, como a navegação de veículos autónomos, a cartografia móvel, a agricultura de precisão e a robótica.
Por isso, o consórcio responsável pela execução do projeto planificou meticulosamente uma série exaustiva de planos de voo para avaliar a precisão, disponibilidade, continuidade e integridade dos recetores GNSS integrados com IMU ou outras tecnologias complementares.
Para além disso, as provas irão ajudar a avaliar o rendimento de diversas tecnologias de equipamentos e sistemas GNSS (por exemplo, GPS, Galileo, EGNOS, futuro DFMC de EGNOS, RTK-PPP, etc.) e a melhorar a compreensão das operações de sistemas aéreos não tripulados em contextos urbanos, mediante a emulação de operações na Categoria Específica no nível de risco SAIL III.
O nível de risco SAIL III é um índice utilizado na avaliação de riscos de segurança na operação de drones. É obtido através da avaliação SORA (Specific Operations Risk Assessment), que combina o risco em terra e o risco no ar juntamente com as correspondentes medidas de mitigação aplicadas. Dependendo do índice SAIL obtido, a operação será considerada de maior ou menor risco. No caso do nível de risco SAIL III, considera-se um nível médio de risco. Para este nível é necessária maior robustez da aeronave em comparação com os níveis SAIL I e II.
Baseando-se na análise posterior dos resultados das provas, o consórcio irá apresentar comentários aos organismos reguladores com a intenção de agilizar os processos de autorização para operações de risco médio (SAIL III-IV) no âmbito da Categoria.
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