"O êxito de um projecto de Big Data de saúde terá de vir de uma mudança cultural na organização"
Os benefícios derivados da aplicação do Big Data no âmbito da saúde estão a dar lugar a um consenso crescente entre os profissionais do sector. A redução de custos nos tratamentos clínicos, graças à capacidade que o Big Data oferece para os personalizar, assim como o controlo da sua adesão; o aparecimento de uma nova geração de ferramentas inteligentes de suporte à decisão clínica e com capacidade para guiar os especialistas em tempo real; o diagnóstico antecipado das doenças raras; a adequação à realidade e a optimização das necessidades dos serviços de saúde, incluindo a prevenção antecipada de epidemias, são amostras das vantagens que esta tecnologia tem revelado.
Porque, tal como expôs Inmaculada Pérez Garro, Directora do Gabinete da Região Este na GMV Secure e-Solutions durante a sua intervenção no Congresso Nacional de Saúde -- Inforsalud -- "Big Data é uma tecnologia de viabilização que, resultando de uma mudança cultural capaz de gerar um ambiente propício à partilha de informações, à colaboração e ao máximo aproveitamento dos dados em benefício do conhecimento, incrementará a qualidade da assistência, contribuirá para a sustentação dos sistemas de saúde e ajudará a investigação clínica, entre outras coisas".
Apostar na aplicação da tecnologia Big Data numa organização de saúde não deveria obedecer a modas ou tendências, impulsionando projectos que careçam de uma definição clara e ajustada aos objectivos definidos. Conforme assinalou a especialista da empresa no desenvolvimento de projectos Big Data na área da saúde, no momento de conceber uma plataforma de Big Data de saúde "deve-se começar por responder a três questões básicas: Com que dados contamos? A que perguntas queremos responder? Como vamos aplicar os resultados na assistência, prevenção, investigação e/ou gestão?"
Compilar dados, controlando e monitorizando a sua qualidade; Ir encaixando as peças de informação obedecendo a uma estratégia, aplicar tecnologia para gerir as provas observando as directrizes de segurança que se ajustem a cada caso (o que posso ver, o que posso mostrar, etc.). São estes, conforme explicou a dirigente, "os processos fundamentais a implementar num projecto Big Data para dar valor aos dados registados em cada serviço de saúde".
Casos concretos
Inmaculada Pérez fundamentou as suas recomendações em três cenários de Big Data de saúde, nos quais a GMV está a trabalhar: HEXIN, a plataforma de exploração de dados clínicos e epidemiológicos da Xunta de Galicia e os projectos europeus HARMONY e MOPEAD, centrados respectivamente na investigação de doenças hematológicas e da Alzeimer.
Para concluir, e em resposta a uma das questões apresentadas pelo auditório, Pérez assegurou que "é elevado o grau de maturidade das tecnologias Big Data e dos clientes no que toca à clareza dos objectivos procurados, o que já não se verifica quando se trata de aspectos éticos a contemplar num projecto desta natureza". Perante o "excesso de zelo" insiste-se em que, no propósito de proteger o direito à intimidade dos pacientes "trabalha-se nos projectos com assessores especialistas na regulação vigente em matéria de protecção de dados, respondendo o critério de actuação ao nível de segurança que se deve aplicar aos dados em cada caso concreto: dados anónimos, dissociados, não anonimizados, etc.".
Embora "a tecnologia Big Data esteja madura, o dinamismo intrínseco das tecnologias requer sólidas estratégias de exploração de dados para que o impacto resultante dos avanços seja óptimo"