Adeus Cassini, adeus...
Depois de passar cerca de 13 anos a orbitar à volta de Saturno, a nave da missão espacial internacional Cassini-Huygens entrou e desintegrou-se na atmosfera de Saturno, na 6ª feira, 15 de Setembro, terminando assim a sua missão de exploração em torno do sexto planeta do Sistema Solar, conhecido pelo seu sistema de anéis, visível do nosso planeta.
Ao longo desses anos, a missão Cassini realizou uma série de intrépidas viagens de exploração entre Saturno e os seus anéis, antes de submergir na sua atmosfera onde libertou a sonda Huygens para pousar na lua Titã.
O lançamento da missão Cassini-Huygens deu-se em 1997. Depois de deixar a Terra, passou sete anos em viagem pelo Sistema Solar até chegar a Saturno. Alguns meses depois, a "nave-mãe" Cassini (contribuição americana) libertou a sonda Huygens (contribuição europeia) que pousou sobre a misteriosa Titã, uma das luas de Saturno, convertendo-se assim na primeira sonda que tocou o solo num astro do sistema solar exterior.
Na trajetória para chegar a Saturno, realizaram-se manobras de assistência gravitacional em Vénus (duas vezes), na Terra, em Júpiter e na lua Febe. Sete anos mais tarde, depois de visitar outras sete luas de Saturno, tais como Febe e Encélado, e depois de realizar mais de 44 encontros com Titã, Huygens separou-se da sua nave-mãe, Cassini. Nas 292 órbitas que realizou em torno do planeta, a missão ofereceu, entre outras coisas, dados em profundidade do seu campo magnético e dos seus anéis, descobrindo mundos nunca vistos até então, não só em Titã como nas luas geladas do gigante gasoso.
Nos últimos meses, Cassini fez imersões semanais no intervalo de 2000 quilómetros que separa Saturno dos seus anéis. Esse "grande final" maximizou o retorno científico da missão, ao realizar imersões para além dos limites interiores e exteriores dos anéis e das pequenas luas do planeta, assim como encontros próximos nos limites superiores da atmosfera de Saturno.
Cassini-Huygens é um programa internacional resultante da cooperação entre a NASA, a ESA e a agência espacial italiana ASI, além de outros colaboradores académicos e industriais europeus. A nave foi construída com a participação de 19 países.
A GMV participou decisivamente nesta missão dando suporte à definição da interface de dados JPL/ESOC, desenvolvendo a ferramenta de software operacional para o cálculo ótimo do direccionamento da antena de transmissão de dados de Huygens, realizando diferentes estudos e análises de diversos cenários de entrada e descida, assim como estudos de análise de missão em suporte à nova conceção de comunicações entre Huygens e Cassini. Desenvolveu igualmente a análise das estatísticas de link budget nas fases de entrada, descida e superfície, assim como a análise para a definição do direcionamento óptimo da antena destinada a garantir o estabelecimento de boa ligação entre Huygens e Cassini.
Com o final desta missão, encerram-se vinte anos dedicados ao estudo de Saturno por centenas de cientistas de 17 países e de duas gerações diferentes, o que não quer dizer que o seu legado tenha acabado, uma vez que há outras missões em marcha para estudar os gigantes gasosos do Sistema Solar.