Espanha necessita situar a inovação no debate do país

The Forum of Innovating Firms presents the book “Innovación Tecnológica y Empleo” and the CESIN Chair of Innovation Studies

É urgente que as instituições articulem novas políticas, estímulos ao mercado de trabalho, à formação contínua e ao sistema educativo universitário e de formação profissional.

Uma acertada política de formação ajudará a limitar o volume de emprego afectado pela digitalização e pela desigualdade.

A CESIN centrar-se-á no estudo e avaliação das políticas públicas de fomento da I+D+i nas empresas e no impacto real que têm no seu comportamento tecnológica, estratégico e competitivo.

No passado dia 19 de Novembro, o Fórum de Empresas Inovadoras (FEI) apresentou a publicação «Inovação Tecnológica e Emprego» e a Cátedra Extraordinária de Estudos da Inovação (CESIN), criada conjuntamente entre o FEI e com a Universidade Complutense de Madrid. Depois do acto, foram entregues os Reconhecimentos anuais nas categorias de: Investigador-Inovador, Empresa Inovadora e Organismo/Instituição de apoio à Inovação.

Luis Fernando Álvarez-Gascón, Presidente do FEI e Director-Geral de Secure e-Solutions da GMV, apelou na sua intervenção à inovação como ferramenta para assumir os grandes reptos da nossa sociedade. «A inovação não está nos primeiros temas de debate da política espanhola e, quando está, aparece de forma desarticulada dos desafios que temos pela frente. A inovação é a solução para o emprego de qualidade, para o progresso e bem-estar social, para o nosso sistema de pensões. É o conhecimento posto em acção».

O FEI considera que é uma acção necessária e.urgente. Por isso, propõe que seja posto em marcha um pacto de Estado em que a inovação ocupe o lugar que lhe cabe, assim como a reindustrialização do país. O Sector Público tem nisso um papel fundamental, mas não se circunscreve apenas ao financiamento. Deve ter um papel de liderança na sociedade espanhola, no qual entram também o sector privado e a Universidade.

«Com frequência -- prosseguiu Álvarez-Gascón -- as mensagens que ouvimos sobre inovação começam com o "mantra" da insuficiência do financiamento, o que está correcto. Temos que resgatar esse esforço de investimento por parte dos agentes públicos e privados, mas isso não é suficiente. Também é fundamental a maneira de se fazerem as coisas. O importante são os resultados, o impacto. Se não há impacto, não há inovação».

«Inovação Tecnológica e Emprego»
Como introdução à apresentação do livro «Inovação Tecnológica e Emprego», Luis Fernando Álvarez-Gascón, Presidente do FEI, insistiu na aposta pela inovação para melhorar em competitividade e gerar emprego de qualidade sustentado em talento.

A tecnologia sempre trouxe prosperidade. Alguns economistas atribuem 80% da diferença entre países ricos e pobres ao uso do conhecimento. Embora a entrada súbita da tecnologia na sociedade seja sempre positiva, estaríamos cegos se não considerássemos outros fenómenos negativos como o risco da desigualdade. Daí a necessidade de apresentar soluções em face do impacto das novas tecnologias no emprego. «É urgente -- comentou Álvarez-Gascón -- que as instituições articulem novas políticas, estímulos ao mercado de trabalho, à formação contínua e ao sistema educativo universitário e de formação profissional».

Conforme mencionou Cândido Méndez, autor do prólogo do livro «Perante a revolução tecnológica devemos ter em conta o factor da velocidade das mudanças e sua expansão. Para mim, o aspecto mais relevante da novação está em saber reconduzir a revolução digital e o bem-estar das pessoas, sem prejuízo da produtividade».

O livro «Inovação Tecnológica e Emprego» conta com a voz de sindicatos e empresas. Os autores -- Gonzalo León, José Varela e Jaime Laviña -- não só analisam o impacto que a robotização e a digitalização dos processos de trabalho estão e estarão a exercer directamente sobre o emprego, num futuro próximo, como também a concepção de políticas governamentais para abordar esta realidade, propondo soluções a debater.

O FEI editou este ensaio em colaboração com o sistema educativo e investigador, como ferramenta de análise, propondo soluções para aproveitar as oportunidades de desenvolvimento económico e social desta transformação, minimizando os seus riscos.

A importância da Formação
Empresas e trabalhadores têm que assumir que a transformação digital inclui o desenvolvimento de um processo de formação contínua. Não basta o impulso inicial que oferece o regulamentado sistema educativo clássico. É necessário criar outros processos formativos mais flexíveis e contínuos ao longo da vida de trabalho. Uma acertada política de formação contribuirá para reduzir notavelmente o volume de emprego afectado pela digitalização e pela desigualdade, reduzindo a polarização laboral e melhorando as possibilidades de emprego dos trabalhadores.

As implicações sociais, económicas e laborais da robotização e da digitalização dos processos de trabalho tornam imprescindível, portanto, a conformação de uma série de propostas que tornem possível a reversão dos seus benefícios em progresso e prosperidade para todos. Competitividade sim, mas também justiça e inclusão social.

As recomendações do FEI sobre isso passam por: (1) Monitorização, a partir de todas as instituições, sobre o impacto da tecnologia na actividade laboral; (2) Um Plano Nacional de Inclusão Tecnológica de todos os cidadãos para evitar a brecha digital sem deixar ninguém para trás; (3) Estabelecer, por parte das Administrações Públicas, programas de incentivo na formação contínua em aptidões digitais, tanto para as organizações empresariais como individualmente para os trabalhadores, garantindo as suas possibilidades de emprego no futuro; (4) Integração do direito e da obrigação de formação contínua à legislação laboral, contabilizada na jornada de trabalho; (5) Redução gradual da jornada de trabalho na medida em que o emprego se for automatizando, por um lado compatibilizando a produtividade e a competitividade das empresas e, por outro lado, a qualidade de vida dos trabalhadores e suas expectativas de emprego.

Cátedra Extraordinária de Estudos da Inovação (CESIN)
O FEI apresentou também ontem a colocação em marcha da Cátedra Extraordinária de Estudos da Inovação (CESIN), liderada por José Molero Zayas como Director. CESIN é a Cátedra de Estudos da Inovação, criada pelo FEI e pelo Grupo de Investigação em Economia e Política da Inovação (GRINEI) da Universidade Complutense de Madrid, com a perspectiva estratégica de estudar e fomentar o desenvolvimento de actividades inovadoras. Une esforços a partir do triângulo Ciência-Administração-Empresa e é uma proposta única no panorama dos estudos da inovação em Espanha.

A sua missão consiste em impulsionar os estudos de inovação, particularmente no que toca à inovação nas empresas como actores centrais deste processo. A CESIN tem como objectivo concentrar os esforços no estudo e avaliação das políticas públicas de fomento da I+D+i nas empresas e no impacto real que têm no seu comportamento tecnológica, estratégico e competitivo. A CESIN é sustentada por uma importante rede de investigadores procedentes não apenas de entidades espanholas (UCM, UPM, CSIC, UAM, Universidade de Santiago de Compostela, INGENIO, Universidade de Salamanca, Universidade de Sevilha), como de entidades de outros países. «O importante -- comentou José Molero sobre o assunto -- consiste em medir o impacto social das políticas de inovação e reflectir sobre a possibilidade de terem o efeito que se deseja para que a sociedade seja melhor».


Reconhecimentos FEI
O Júri dos Reconhecimentos FEI destacou nesta edição o trabalho de Paloma Sánchez Muñoz, Catedrática de Economia Aplicada da Universidade Autónoma de Madrid, assim como técnico comercial e economista do Estado na categoria de Investigador-Inovador. A empresa inovadora reconhecida este ano é Bitbrain, dedicada à neurotecnologia que combina neurociência, inteligência artificial e hardware para desenvolver produtos inovadores.

Por fim, o reconhecimento ao organismo de apoio à inovação coube ao Instituto de Bioengenharia da Catalunha, instituição dedicada à investigação básica e aplicada em bioengenharia e nanomedicina.

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