Privacidade para IA fiável, na 6ª edição da «TIC Salud»
A privacidade, tanto de dados pessoais como confidenciais, é fundamental em qualquer organização onde a tomada de decisão se baseie em dados. No entanto, as políticas de privacidade podem ser uma barreira na realização de análises avançadas ou na formação de um algoritmo de Inteligência Artificial com tais dados. Esta foi uma das mensagens com que José Carlos Baquero, Director de AI e Big Data da GMV Secure e-Solutions, se dirigiu à audiência do evento «TIC Salud» organizado pelo Cluster Bio da Comunidade Valenciana (BIOVAL) em colaboração com o Instituto Tecnológico de Informática e o Centro Europeu de Empresas Inovadoras de Valência.
Como o executivo recordou na mesa sobre Inteligência Artificial em que participou, os dados são hoje o novo ouro negro, e as organizações estão a explorá-lo utilizando técnicas como a análise avançada e a aprendizagem de máquinas para impulsionar os seus resultados. Nestes casos, os benefícios da aplicação das tecnologias de informação são claros. Mas o problema surge quando, em certos projectos, para alcançar os objectivos prosseguidos, os dados privados têm de ir além do âmbito em que são originados. Um exemplo claro pode ser encontrado no sector da saúde.
Como explicou Baquero, «os dados dos doentes são especialmente protegidos pelo Regulamento Geral de Protecção de Dados, pela Lei Orgânica de Protecção de Dados e pela Lei de Autonomia do Doente». Se quisermos comparar resultados de saúde ao aplicar um determinado tratamento, tirar conclusões com base nas provas, descobrimos que «estes dados pessoais são armazenados em diferentes silos de informação distribuídos entre hospitais, tanto públicos como privados, centros de cuidados, etc.»
O intercâmbio destes dados é complicado por causa da necessidade de assegurar a privacidade dos dados dos pacientes de acordo com os regulamentos e políticas internas nesta área. É difícil para as organizações de saúde ter instrumentos que garantam uma anonimização dos dados a 100% para fins de investigação em colaboração com outras entidades. Como resultado, os dados clínicos de cada evento de saúde residem nos chamados silos de dados nos sistemas de informação hospitalar. Mesmo a realização de investigações a nível internacional pode ser complexa porque as leis nacionais impedem que os dados sejam partilhados ou transferidos para fora dos países.
Portanto, na GMV «perguntámo-nos se seria impossível alcançar um equilíbrio entre a privacidade dos dados e a sua utilização em benefício dos indivíduos e vimos que poderíamos ultrapassar tais barreiras concebendo a ferramenta uTile PET (Tecnologias de Reforço da Privacidade)». Encontrámos «uma solução tecnológica que realiza cálculos de forma segura e privada utilizando métodos criptográficos avançados sobre dados distribuídos de pacientes, sem os expor ou deslocar de hospitais ou centros de saúde, permitindo aos centros de investigação e à indústria farmacêutica obter informações tão cruciais como a própria sobrevivência: valor dos biomarcadores, prognósticos, idade média dos pacientes, etc., e dos tratamentos clínicos sem comprometer a privacidade dos dados dos pacientes», concluiu Baquero.