O Blockchain é um conceito de moda que envolve uma mudança de paradigma, sendo por essa mesma razão um motivo de interesse e de desconsideração. A bolha especulativa à volta desta tecnologia disruptiva torna difícil prever o seu futuro real, causando medo à mudança nas organizações. No entanto, os países mais avançados apostam no Blockchain, o que ainda dá tempo de nos adaptarmos e de aproveitarmos as suas vantagens e oportunidades. O que se pode esperar desta tecnologia? Para que está a ser utilizada? Vai realmente mudar o nosso futuro?

Hoje em dia, a Internet da Informação em que vivemos está a evoluir para a Internet do Valor, que encontra a sua base na tecnologia Blockchain. Esta tecnologia pode considerar-se uma plataforma descentralizada e distribuída onde podemos partilhar valor sem intermediários e onde o poder é da comunidade, estimulando a confiança entre os utilizadores. Trata-se de uma alternativa viável do ponto de vista operativo e económico para sobre ela se construírem processos automatizados e novos modelos de negócio.

A utilização da tecnologia Blockchain oferece mudanças prometedoras na maneira de fazer transações seguras, efetivas e fiáveis. Passou a utilizar-se para garantir intercâmbios com meios digitais (criptomoedas) e para oferecer oportunidades a um grande número de setores, desde a Administração Pública à Autopropulsão, aos Seguros ou à Saúde.

Com o fim de explorar o que pode trazer o Blockchain em matéria de finanças, logística, serviços e outros múltiplos desafios de negócio, a IDiA organizou um seminário que contou com a intervenção de Ángel Gavín, especialista em tecnologias disruptivas da GMV, estabelecendo um diálogo sobre múltiplos aspetos relacionados com o seu grau de maturidade, possíveis casos de uso, segurança, confiança, marco legal, etc. Durante a sua palestra, Gavín mostrou em que ponto devemos concentrar-nos e quais são os fatores-chave de êxito para determinar o Blockchain como solução tecnológica.

Uma inovação tecnológica para tudo

Falamos do Blockchain porque é a tecnologia idónea para dar um salto qualitativo na coordenação cooperativa dos nossos setores, especialmente naqueles processos complexos em que intervêm diferentes organizações e onde se requer um sistema fiável para sua coordenação. Com Blockchain poderiam automatizar-se processos, transacções e relações entre diferentes partes da cadeia de valor. Poderiam armazenar-se todos os dados e arquivos de que dispomos para fomentar o seguimento de processos e sua regularidade. Poderia assegurar-se a confidencialidade dos dados e a sua frequência de registo, assim como a protecção dos interesses dos utilizadores.

A maioria dos projectos está ainda em fase inicial e as experiências do passado não são realmente positivas pois apenas 8% dos projectos de Blockchain de 2016 permanecem activos. Se conseguirem superar os obstáculos técnicos e de escalabilidade que forem surgindo, ainda terão que enfrentar questões regulatórias, barreiras organizacionais e busca de talentos, entre outras coisas. Mas apesar dos riscos que envolve, Gavín insistiu nas infinitas oportunidades que pode oferecer o Blockchain e na necessidade de destacar a sua aplicação em Data Analytics, Cibersegurança, Inteligência Artificial, Criptografia e luta contra a fraude.

O evento culminou com o lançamento do “Grupo de Trabalho Blockchain IDiA” que será reservado apenas a membros da rede IDiA, como é o caso da GMV. Trata-se de um grupo formado por peritos que estabeleceram dois objetivos a curto prazo:

1. Reunir exaustivamente possíveis casos de uso empresarial, estudando o grau de maturidade e a potencialidade de cada um deles.
2. Concretizar uma proposta de criação de uma infra-estrutura comum de Blockchain, que tanto sirva de ambiente formativo como de banco de testes para protótipos de variadas características.