Blockchain é uma nova era digital baseada na descentralização e na confiança
A Internet é uma potentíssima ferramenta de comunicação e transmissão de informações, mas até agora não tem permitido intercambiar valores: dinheiro, título de propriedade de uma casa, energia eléctrica, etc. Não sem um intermediário, ou seja, uma terceira pessoa em que ambas as partes depositem a sua confiança. Os modelos de negócio como YouTube, Amazon, Airbnb, Facebook, Spotify, etc., baseiam o seu êxito ao constituírem um ponto central de contacto entre vários actores, proporcionando confiança aos seus clientes. Ao mesmo tempo, porém, continua-se cativo das normas que eles próprios ditam.
O que se passaria se as pessoas, as empresas ou mesmo as máquinas pudessem comunicar entre elas estabelecendo redes onde a confiança estivesse garantida e distribuída, não centralizada num dos actores da relação? O que sucederia se, além disso, tivéssemos a capacidade de realizar transacções anonimamente, sem revelar a nossa identidade? Bem-vindos à Blockchain, um mundo com tantas perguntas abertas e expectativas como oportunidades. Uma tecnologia que pode mudar absolutamente tudo. Em suma, uma nova era digital: a da Internet do valor e da confiança.
Moeda virtual
Em 2008 um autor (ou autores) que se escondia sob o pseudónimo de Satoshi Nakamoto, criou a bitcoin, a primeira moeda electrónica que cumpre todos os requisitos anteriormente mencionados: descentralização, anonimato, segurança e inviolabilidade. A tecnologia que permite a bitcoin denomina-se cadeia de blocos (blockchain). Mas a blockchain vai mais além da bitcoin.
A irrupção dos denominados contratos inteligentes e a construção, baseada neles, das organizações autónomas descentralizadas (como The DAO) estão chamadas a revolucionar praticamente todos os sectores, assim como a forma de entender as organizações, a participação democrática e o emprego. A possibilidade de não depender de uma autoridade central para se relacionar, permitirá nivelar a relação de poderes entre indivíduos ou entre o indivíduo e as estruturas administrativas. Além disso, o indivíduo disporá de ferramentas mais potentes para definir as suas relações com as outras entidades, com muitas vantagens mas também com responsabilidades que deverá gerir mais livre e conscientemente.
O que é a Blockchain e como funciona? Quais são os seus princípios básicos? Quais os seus prós e contras? De que factores irá depender o êxito ou o fracasso da Blockchain? Como se integra com outras tendências como a Inteligência Artificial ou com a Internet das Coisas? Que aplicações se prevêem? São seguras essas aplicações? Como podem proteger-se da ciberdelinquência? Que conflitos apresentam em face da privacidade de dados e regulações como GDPR?
Sem dúvida, são imensas as perguntas e os desafios apaixonantes que merecem ser abordados e analisados. Para ilustrar alguns deles, sirva de exemplo o que se refere à cibersegurança neste novo “espaço” de negócio. Os “ladrões ilustrados” estão à caça da menor falha nos programas que tornam possível os contratos inteligentes para encher os seus cofres. O último saque conhecido foi o da CoinCheck, a segunda maior casa de câmbios do Japão, que sofreu aquele que foi até agora o pior roubo da história das criptomoedas. Foram 530 milhões de dólares no token Economic Movement (NEM) que entraram para os bolsos de um grupo desconhecido de hackers.
Ángel Gavín, especialista nas tecnologias disruptivas da GMV, partilhou uma conferência centrada nesta tecnologia disruptiva que ameaça tornar-se uma mudança transcendental no futuro. Durante a jornada organizada pela Cátedra SAMCA de Desarrollo Tecnológico de Aragón (Universidade de Saragoça), o perito da GMV analisou tudo o que foi anteriormente citado e explicou como poderia mudar a nossa sociedade, mencionando além disso as principais aplicações baseadas em blockchain, existentes e futuras, em sectores como Banca, Seguros, Saúde, Energia, Transportes ou Indústria.
José Ángel Castellanos (Director da Escola de Engenharia e Arquitectura da Universidade de Saragoça), Ángel Gavín (Desenvolvimento de Negócio na GMV), Nacho Garcés (Director do Instituto de Investigação em Engenharia de Aragão, I3A), Javier Nogueras (Subdirector do Instituto de Investigação em Engenharia de Aragão, I3A)