Bepi Colombo, a caminho de Mercúrio

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No dia 20 de Outubro, às 01:45 GMT (03:45 CEST), a missão Bepi Colombo foi com sucesso lançada ao espaço a bordo do foguetão Ariane 5, a partir do Porto Espacial Europeu de Kuru (Guiana Francesa).

Bepi Colombro é uma missão conjunta da Agência Espacial Europeia (ESA) e da Agência Japonesa de Exploração Aerospacial (JAXA). A missão é composta por uma nave transportadora (MTM) construída pela ESA e por dois orbitadores independentes, o MPO ou Bepi, da ESA, e o MMO ou “Mio” da JAXA, que levam painéis solares, sistemas de propulsão eléctrica, várias antenas e um complexo sistema de gestão térmica. Todas essas ferramentas foram pensadas para suportar as condições extremas de Mercúrio e do seu ambiente.

O orbitador europeu (MPO) está equipado com 11 instrumentos e basicamente cartografará a superfície de Mercúrio captando imagens de alta resolução, analisando a composição dos materiais do solo (desconhecidos até agora) e estudando o campo magnético. Por sua vez, o orbitador japonês (MMO), que tem a forma de octógono, está revestido de espelhos, tem quatro instrumentos e estudará o campo magnético, a presença de partículas de pó e a exosfera (a atmosfera limpa de Mercúrio).

Um dos principais desafios da missão prende-se com a enorme gravidade do Sol, que dificulta a colocação das naves em órbita estável à volta de Mercúrio, requerendo ainda mais energia que uma missão enviada a Plutão. Após o lançamento e uma vez fora do “poço gravitacional” da Terra, a Bepi Colombo terá de travar constantemente contra a atracção gravitacional do Sol. Os propulsores iónicos do MTM, construídos pela ESA, fornecerão a baixa propulsão necessária durante a longa fase de cruzeiro, empregando tecnologias comprovadas previamente na missão GOCE da ESA para estudo da gravidade terrestre e na missão SMART-1 à Lua.

A chegada de Bepi Colombro a Mercúrio está prevista para 2025, começando um ano depois as suas operações científicas que poderão prolongar-se por dois anos. Os dados científicos serão recolhidos por uma antena receptora da ESA situada em Cebreros (Ávila, Espanha) e enviados à ESAC, em Madrid, onde serão processados e distribuídos entre os investigadores. As instruções para a nave também serão enviadas a partir do Centro Europeu de Operações Espaciais (ESOC), na Alemanha.

No âmbito da missão, a GMV desenvolveu o Centro de Controlo para o European Space Operation Center (ESOC) da ESA, o que inclui assistência às operações durante a fase de lançamento. A GMV concebeu também o Segmento Terrestre de Ciência (Science Ground Segment - SGS) para o European Space Astronomy Centre (ESAC). Outra actividade importante foi o desenvolvimento do sistema de Controlo Orbital que envolve a assistência às operações durante as fases de lançamento e rotina, incluindo a complexa fase de transferência até que o satélite consiga orbitar à volta de Mercúrio. Além disso, nas fases iniciais do projecto e através do ESOC a GMV participou em actividades de análise de missão necessárias para a concepção do conjunto desta missão de exploração interplanetária. Por fim, a GMV liderou diferentes estudos importantes para a definição do sistema e dos algoritmos de navegação relativa, considerados a bordo dos satélites.

Bepi Colombo representa a primeira missão europeia a Mercúrio, o menor e menos explorado planeta do Sistema Solar interior, sendo também a primeira missão a enviar dois orbitadores que efectuarão medições simultâneas e complementares do contexto dinâmico do planeta.

Antes de entrar em órbita, a Bepi Colombro terá uma viagem de sete anos durante a qual sobrevoará uma vez a Terra, duas vezes Vénus e seis vezes Mercúrio, o que dará à missão a possibilidade de conhecer, melhor do que nunca, o planeta más interior do nosso Sistema Solar. Também será fonte de informações inestimáveis para conhecer a evolução destes sistemas em geral e reunir dados muito úteis sobre a formação e desenvolvimento de planetas que orbitam perto das suas estrelas progenitoras em sistemas exoplanetários.

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