O principal problema que enfrentam as empresas do setor tecnológico em Espanha é a limitação da disponibilidade de talento, aspeto que choca com e elevado índice de desemprego que tem o país. Esta foi uma das reflexões de Pedro Mier, Presidente de AMETIC durante a apresentação do 1º Fórum Aliança pelo Desenvolvimento do Talento Digital, organizado pelo patronato com a colaboração da Red.es e com o apoio de empresas de vanguarda na economia digital em Espanha, empenhadas em resolver esta problemática, entre elas a GMV, Microsoft, Samsung, Google, Amazon, etc.

Pedro Duque, Ministro da Ciência, Inovação e Universidades, compareceu à abertura da cerimónia junto a Francisco de Paula Polo, Secretário de Estado para a Sociedade da Informação e Agenda Digital, e a Anna Armengol, Coordenadora de Economia Digital para Espanha na Comissão Europeia.

Cada um contribuiu com a sua abordagem à situação atual apresentando dados alarmantes como os que expôs Anna Armengol, assinalando que na Europa existem 12 mil postos de trabalho que requerem aptidões TIC mas que não se conseguem preencher a menos que se estabeleçam “estratégias europeias que impulsionem o talento”. No panorama nacional encontra-se uma situação semelhante, tendo o presidente da AMETIC insistido na necessidade de “atuar a nível de escolas e de famílias” e de incentivar principalmente a vocação das raparigas para que a mulher possa ocupar um lugar mais destacado no setor. Os números mostram uma importante diferença no género, havendo só 20% de mulheres licenciadas em carreiras STEAM (Science, Technology, Engineering, Arts and Math).  Por isso, Pedro Mier fala em “trabalhar na formação de base e na orientação profissional”.

Por sua vez, o Secretário de Estado para a Sociedade da Informação e Agenda Digital, Francisco de Paula Polo, declarou que “Espanha deve ser um lugar em que qualquer pessoa com uma grande ideia possa concretizá-la, independentemente dos recursos com que possa contar”. Nesse sentido, insistiu na necessidade de implementar políticas destinadas a fazer da Espanha “um foco apelativo para o talento”, que atraia empreendedores de todo o mundo “para que iniciem ou se juntem a projetos inovadores, fazendo do nosso país uma nação inovadora”.

O Ministro Pedro Duque recordou que embora em Espanha se invista em inovação, isso “faz-se abaixo do nível que corresponde ao país pelo seu volume de recursos”, sublinhando “o compromisso com a União Europeia” neste âmbito e a necessidade de “chegar a acordos” para melhorar o investimento espanhol em I+D+i e a criação de “novos centros de investigação e desenvolvimento mais eficientes dos que existem noutros sítios”. Também reafirmou o apoio do Governo “à formação dos jovens em Tecnologias da Informação. É necessário que as universidades sejam eficientes nas suas estruturas. É preciso chegar mais alto no investimento em Universidades, Ciência, Tecnologia e Inovação”.

O Fórum contou com a participação de Richard Gerver, uma das pessoas internacionalmente mais influentes no âmbito da inovação tecnológica e da educação. Segundo Gerver, os jovens atuais são a geração com mais talento de todos os tempos, destacando que “não é necessário ensinar-lhes a usar a tecnologia, pois já são digitais nativos. O que há a fazer é ensinar-lhes a aprender como podem aproveitá-la para trazer soluções aos problemas que enfrentam e, dessa forma, mudar o mundo”.

O mundo empresarial enfrenta o desafio de procurar e formar talento digital. A GMV é um claro exemplo disso. Com mais de 1600 empregados, dos quais 80% são de carreiras técnicas de grau superior, a multinacional tecnológica espanhola tem desenvolvido projetos para grandes clientes de todo o mundo, sempre necessitados em aumentar o seu talento digital. Javier Zubieta, Diretor de Marketing e Comunicação de Secure e-Solutions da GMV, mostrou o compromisso da empresa nesta “Revolução do Talento” durante a mesa de debate “Líderes em Transformação Digital” e, através de um interessante atelier, revelou à assistência o tipo de talento de alta qualificação que a GMV tem e procura na área da cibersegurança. 

Tratou-se de um primeiro encontro sobre o talento digital em Espanha, muito necessário para conseguir gerar consciência e incitar à ação todos os atores implicados no processo da digitalização, e fazer com que a indústria espanhola seja capaz de liderar a transformação digital.