Posso ficar rico juntando Bitcoins?

GMV explains the underlying Bitcoin technology and the risks of investments of this type

Há anos que as criptomoedas geraram grande interesse como oportunidade de investimento, tendo as especulações sobre a possível alteração do valor de algumas delas levado ao reacendimento desse interesse. É um interesse acompanhado de vários mitos, como o de se conseguir muito dinheiro sem investimento ou de se conseguir comprar um Lamborghini com Bitcoins.

Foi precisamente sobre este tema que falou Carlos Sahuquillo, Consultor de Segurança de Secure e-Solutions da GMV, no Seminário “Cibersegurança: Ameaças no século XXI”, organizado pela Universidade Tecnológica do Chile INACAP e pela Brigada de Delitos Económicos (BRIDEC) da Polícia de Investigações do Chile (PDI). Tratou-se de um evento cujo objetivo consistiu em criar consciência da importância da Cibersegurança e em alertar para os riscos inerentes a alguma tecnologias como Blockchain ou cartões de crédito.

O perito da GMV deu uma palestra subordinada ao título “Posso ficar rico juntando Bitcoins?” Foi uma intervenção que começou por contar à assistência a história do dinheiro e de como em 2008 surgiu a Bitcoin para dar solução a alguns dos problemas concetuais do dinheiro, falando finalmente sobre a tecnologia subjacente e sobre os riscos deste tipo de investimento.

Mas em primeiro lugar, para se compreender o valor da Bitcoin e o futuro das criptomoedas, é necessário falar da Blockchain, a tecnologia subjacente a todas essas criptomoedas e que é basicamente um livro de contas distribuído entre todos os participantes da cadeia. Portanto, a Blockchain pode considerar-se uma base de dados distribuída que se caracteriza por ser cifrada e descentralizada e cuja ideia principal consiste em substituir as moedas FIAT, manipuladas pelos governos, tornando-se um novo sistema de notário e registo ou convertendo-se mesmo em banco pessoal. Atualmente, a versatilidade desta tecnologia é tão grande que se torna difícil pensar numa área que não possa ser transformada por esta ideia.

A Blockchain não se utiliza unicamente para gerar criptomoedas, havendo outras áreas de interesse em que se pode empregar, como é o caso dos “smart contracts, seguradoras, voto eletrónico, identidade e reputação ou em organizações descentralizadas”, conforme citou Sahuquillo na sua intervenção.

Voltando ao princípio... Posso comprar um Lamborghini ou não?

Conforme já se explicou, o processo de mineração de Bitcoins é cada vez mais exigente energeticamente, motivo pelo qual parece  já não servir como meio para comprar o Lamborghini, o que levou a considerarem-se outras formas de investir e de tentar especular com criptomoedas.

Como investimento, a Bitcoin tem um risco grande que é a volatilidade. Em fins do ano passado (Dezembro de 2017), o preço da Bitcoin era de aproximadamente 20 mil dólares, sendo hoje de 7500 dólares. Mas há exatamente um ano, em Junho de 2017, não chegava a 1400 dólares, continuando deste modo a ser um investimento mais que rentável para alguém que tenha adquirido Bitcoins há um ano. Por outro lado, existem outros perigos como o recente ataque ao protocolo de uma das criptomoedas (Verge - XVG) em que os hackers informáticos extraíram mais de 20 milhões de XVG (uma bolsa com valor superior a 1 milhão de dólares). Isto não é tudo. Sahuquillo também citou outros casos de ataques a carteiras online e offline, aos câmbios onde se adquirem estas criptomoedas, troianos para os computadores dos investidores, phishing, etc. Em suma, apostar no investimento em Bitcoins é arriscado mas está fora de questão que a Blockchain é um conceito que suscita uma enorme revolução, não apenas na nossa economia, mas também em todo o tipo de âmbitos. Segundo Carlos Sahuquillo, dentro de alguns anos todos utilizaremos criptomoedas no nosso dia-a-dia. Certamente não será a Bitcoin e evoluiremos para outras criptomoedas com maior aplicação e menos exigentes energeticamente, mas não há dúvida que as utilizaremos com a mesma familiaridade que utilizamos agora os cartões de crédito ou com que já começámos a utilizar o pagamento com o telemóvel.

Além de participar no Seminário de Cibersegurança, Sahuquillo visitou a Rádio Montecarlos e realizou ateliers com estudantes e académicos da Universidade INACAP.

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