O projeto de robótica ADE realiza as provas de campo finais

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Após quase dois anos de trabalho, e devido às restrições de viagem provocadas pela COVID-19 que impediram viajar a Fuerteventura como estava inicialmente previsto, entre 15 de março e 16 de abril de 2021 tiveram lugar em Bremen, Alemanha, as provas finais do projeto de robótica espacial ADE (Autonomous Decision Making in very long traverses).

O ADE enquadra-se no programa SRC (Strategic Robotic Cluster) em tecnologias robóticas espaciais, coordenado pelo projeto PERASPERA, no âmbito do programa Horizonte 2020. O seu objetivo é desenvolver e testar um sistema robótico móvel capaz de obter dados científicos de forma oportunista e realizar deslocações autónomas de longa distância.

Coordenado pela GMV e, em conjunto com treze sócios de toda a Europa, o projeto ADE está dedicado à tomada de decisões autónomas de meios robóticos, destinado especificamente a missões planetárias de robôs de superfície em travessias muito longas em contextos desconhecidos. O ADE foi desenvolvido baseando-se nas tecnologias da anterior fase do SRC e, em particular, no sistema de autonomia ERGO (European Robotics Goal-Oriented Autonomous Controller) desenvolvido sob a liderança da GMV na primeira fase do programa SRC.

A plataforma robótica empregue para testar no terreno a tecnologia desenvolvida no projeto foi o rover SherpaTT, desenvolvido e proporcionado pelo Centro de Inovação Robótica do Centro Alemão de Investigação em Inteligência Artificial (DFKI). O SherpaTT é um veterano do deserto que já realizou com êxito missões espaciais simuladas no deserto do Utah (Estados Unidos) em 2016 e em Marrocos em 2018 no projeto ERGO, liderado pela GMV.

As provas preliminares do ADE foram desenvolvidas entre novembro de 2020 e fevereiro de 2021, num terrário interior de 7 m x 7 m nas instalações da DFKI em Bremen, com o objetivo de validar a maior parte dos sistemas a bordo: localização, perceção, orientação, manipulação do braço robótico em movimento, FDIR (sistema de deteção, isolamento e reconfiguração de falhas), planificação dinâmica e agente de ciência. Após os resultados satisfatórios, o ADE realizou as provas de exploração planetária finais num terreno especificamente adaptado para as mesmas e em que foram introduzidos diversos obstáculos e areia compactada.

Durante cinco semanas foi posta à prova a tecnologia robótica desenvolvida, testando a autonomia na navegação, usando as câmaras para a perceção e localização, as operações com o braço robótico para a recolha e depósito de amostras, a planificação automática da missão baseada em objetivos (deslocar-se a um ponto, levar uma amostra de um ponto a outro, deslocar-se a um ponto para tomar imagens) e a possibilidade de realizar ciência oportunista.

Os resultados dos teste do ADE foram satisfatórios, conseguindo que o rover SherpaTT realizasse com êxito uma longa e totalmente autónoma travessia de cerca de 500 m num tempo recorde de menos de três horas. O sistema incorpora todos os componentes tecnológicos desenvolvidos na fase anterior do SRC.

Segundo Jorge Ocón, responsável pela secção de autonomia a bordo no âmbito da unidade de negócio de Segmento espacial e robótica da GMV e chefe de projeto do ADE: «estas provas foram essenciais para validar estas aplicações robóticas. Para além de estabelecer as futuras necessidades em exploração e exploração espacial, também demonstram a sua aplicabilidade noutros cenários de robótica em terra».

 O acontecimento, coordenado à distância pela GMV e com a participação dos treze sócios, foi um êxito e foi seguido por membros do PSA (Programme Support Activity) de Horizonte 2020, da Comissão Europeia e por membros do consórcio. A DFKI, enquanto fornecedora da plataforma robótica, encarregou-se do seu arranque e do controlo local da mesma.

A tecnologia desenvolvida no ADE foi desenhada para satisfazer as necessidades dos futuros veículos de exploração espacial. O seu sistema de autonomia orientado por objetivos, apto para a sua aplicação a diferentes robôs espaciais, também tem aplicação terrestre em robôs que operem em contextos difíceis, isto é, nucleares, resgate, de petróleo e gás, etc.

 

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