Com mais de 80 000 pessoas a assistir e sem máscaras, o MWC volta a surgir como um dos eventos de tecnologia mais importantes a nível mundial. Na semana passada, tivemos a sorte de poder percorrer os corredores do Mobile World Congress e queremos contar-lhes as novidades que mais nos chamaram a atenção.

No que se refere à Rede, Open RAN é uma das iniciativas mais relevantes e com a qual os operadores de telecomunicações pensam conseguir equipamento muito mais sustentável pelo baixo consumo e a um custo mais competitivo, que facilite a implementação de 5G. Estes novos equipamentos muito mais abertos permitem integrar cartões de processamento de diferentes fabricantes, diferentes sistemas operativos e as funcionalidades de IF rádio e controlo (RU/CU) como módulos software independentes. Esta rede habilita um mercado de redes 5G privadas muito prometedor, no qual dispositivos do tamanho de um router doméstico e baseados em plataformas tipo arduino ou raspberry pi possam conter uma rede completa 5G à qual só terão acesso os utilizadores habilitados. Estima-se que 30% das implementações rádio serão Open RAN em 2030.

Por outro lado, continuando com a abertura da rede, no âmbito da iniciativa GSMA Open Gateway, os operadores permitirão que terceiros possam usar capacidades de rede. Os programadores terão um pacote estendido de API federadas dentro de Azure, AWS ou Google, com o qual poderão aceder a funcionalidades da rede, independentemente do operador de telecomunicações.

Quanto a melhorias de largura de banda, 5G Advanced ou 5G+ poderá conseguir velocidades de download de 10 Gbps e de upload de 1 Gbps (como um 10x do 5G), assim como posicionamento em interiores com precisão de centímetros. A tecnologia poderia estar disponível a partir de 2024. Outro tema é quando será implementada pelos operadores.

Combinações de redes aerial (com drones) e satelitais também são casos de uso que irão facilitar dar cobertura em caso de desastres e cobrir zonas rurais sem ter de mudar a tecnologia dos terminais.

Em relação aos dispositivos, estes evoluíram em capacidades, destacando-se a melhoria nas capacidades fotográficas (imagens noturnas, adaptadores para objetivos fotográficos de qualidade, etc.) e a iminente irrupção dos ecrãs flexíveis, tanto dobráveis como enroláveis em telemóveis e portáteis. Os dispositivos passam a ser mais versáteis e adaptam-se às necessidades de uso do momento.

Experiências imersivas permitem criar o seu avatar ou holograma para integrá-lo em jogos ou aplicações, sem a necessidade de utilizar óculos de realidade virtual. Estas tecnologias, para além de requererem um equipamento com inúmeras câmaras 4K, precisam de uma largura de banda e de processamento elevados, assim como de uma latência mínima. Estas aplicações poderão ser uma realidade graças às implementações futuras de 5G (5G SA e 5G Advanced).

A IA esteve presente como companheira indispensável em todas as novas tecnologias. Falamos de chips especializados em IA para experiências imersivas, openAI para assistentes virtuais, OREX como iniciativa para aplicar a IA ao desempenho de sistemas OpenRAN, utilização de informação captada pelas antenas rádio e a fibra para detetar elementos não conectados.

Por último, IoT para controlo e melhoria da agricultura, deteção de incêndios, segurança em mobilidade de trotinetes ou bicicletas ou evolução de tags Rfid a Passive IoT. Estas tecnologias e processos que irão reduzir o custo e aumentar o alcance para inventários automáticos, são algumas das aplicações que veremos nos próximos anos.

Em resumo, continuamos a evoluir tecnologicamente a um ritmo vertiginoso, para redes mais abertas e inteligentes e com casos de uso inimagináveis que irão revolucionar a nossa forma de vida. Feliz ou infelizmente, todos os setores sem exceção terão de sair da zona de conforto para se adaptarem se quiserem continuar a ser competitivos neste mundo tão global e conectado.