A missão Proba-3 entra na fase final de ensaios
Recentemente, a missão de demonstração Proba-3 concluiu com êxito a campanha de ensaios ambientais. Esta campanha, que teve lugar em Ottobrunn (Alemanha), permitiu comprovar que os diferentes equipamentos da missão podem suportar tanto as condições geradas durante o lançamento como as condições térmicas quando chegam a órbita. Os ensaios concluíram com diferentes provas de ativação de diferentes mecanismos que conformam a missão, assim como com a verificação completa do sistema de propulsão.
A Proba-3 é uma missão de demonstração tecnológica da Agência Espacial Europeia (ESA), cujo objetivo é demonstrar tecnologia de alta precisão do voo em formação entre duas plataformas no espaço. A missão, cujo lançamento está previsto para 2024, é constituída por dois satélites que, voando em formação, irão observar uma região do Sol normalmente oculta à vista.
Trata-se de uma missão especialmente ambiciosa, entre outros motivos, pelo elevado grau de autonomia que os algoritmos a bordo irão implementar e pelas operações relacionadas e a coordenação requerida entre as duas plataformas, estando previsto que se movam muito perto uma da outra no espaço.
A Proba-3 está a ser desenvolvida por uma equipa industrial, liderada pela Sener e formada por mais de 29 empresas de 14 países diferentes.
No âmbito da Proba-3, a GMV é responsável por um dos sistemas embarcados mais relevantes e complexos desta missão, o subsistema de voo em formação (FFS). Inclui a conceção, desenvolvimento e validação do software embarcado deste subsistema num contexto de simulação representativo do computador de bordo e das interfaces elétricas. A GMV é também responsável pelo fornecimento dos sistemas de monitorização e controlo de voo nas infraestruturas de terra (Flight Dynamic System), cobrindo a determinação de órbita e predição de eventos e manobras. No FFS, a GMV em Espanha colabora com a SENER, responsável pelo controlo e pelo FDIR (Failure Detection, Isolation and Recovery), com a NGC no Canadá, responsável pelo AOCS (Attitude and Orbit Constrol System) e com a GMV na Polónia, responsável pela conceção, implementação e testagem da função embarcada para o cálculo de posicionamento relativo dos satélites baseado em medidas GPS.
Primeira missão de voo em formação de precisão
A Proba-3 é a primeira missão espacial de voo em formação de alta precisão do mundo. Os dois satélites que conformam a missão, Occulter e Coronograph, serão mantidos a uma distância de 150 m, formando uma grande estrutura virtual rígida, com uma precisão relativa entre eles da ordem dos milímetros e dos segundos de arco.
A separação dos dois satélites da Proba-3 irá lançar uma sombra através do espaço que irá bloquear o disco do Sol, revelando assim detalhes da coroa que o rodeia e que costumam ficar escondidos pelo próprio brilho da luz solar. Os dois sistemas pesam 350 e 200 quilos, respetivamente, e serão controlados no espaço mediante uma lente e um detetor. Esta estrutura rígida virtual permitirá a receção de ordens de viragem e apontamento para qualquer direção desejada. Também será possível ajustar a distância relativa entre os dois veículos espaciais dos 25 aos 250 metros.
Com o objetivo de completar a validação de ponta a ponta da tecnologia de voo em formação, a missão inclui um instrumento científico, um coronógrafo, para a realização de fotografias da coroa solar interior. O sistema do coronógrafo será distribuído nos dois satélites: um levará um detetor e o segundo contará com um disco ocultador do Sol.
A Proba-3 irá demonstrar a viabilidade de uma tecnologia de vital importância que poderá ser usada, por exemplo, para o desenvolvimento de grandes telescópios cujos elementos principais (lentes e detetores) devam estar afastados, mantendo as suas posições e distâncias relativas com uma elevada precisão e estabilidade. A viabilidade da tecnologia de voo em formação evitará recorrer a estruturas desdobráveis pesadas e volumosas, reduzindo o custo da sua colocação em órbita e da sua operação.