«Inovação Aberta em tempos de crise»

Luis Fernando Álvarez Gascón moderated the online debate “Innovation in times of crisis” organized by the Foro de Empresas Innovadoras

Luis Fernando Álvarez Gascón, Presidente do Fórum de Empresas Inovadoras, Vice-Presidente da AMETIC e Director-Geral de Secure e-Solutions da GMV, moderou o debate online sobre «Inovação em tempos de crise», organizado pelo FEI. Começou a sua intervenção transmitindo as suas condolências a todas as pessoas que perderam um ente querido e comunicando uma mensagem de alento: «vivemos momentos difíceis no sector da saúde e da economia, de uma forma que não podíamos ter imaginado há alguns meses. No entanto, seguiremos para a frente embora tenhamos que enfrentar grandes desafios». Para isso, a partir do Fórum de Empresas Inovadoras (FEI) «reivindicamos a inovação como parte da solução» para que esta ocupe «a posição merecida na sociedade espanhola e no debate e políticas públicas», visto que «temos uma missão: vencer o vírus mas recuperar imediatamente e reinventar um país em base mais sustentável».

Em seguida, Álvarez-Gascón deu a palavra a Francisco Marín, Presidente fundador do Fórum de Empresas Inovadoras, sócio de Poile Ingenieros e durante anos DG do CDTI, que transmitiu uma mensagem institucional em nome da entidade, expressando a solidariedade do FEI com todas as famílias das vítimas.Destacou também o papel das grandes inovações em matéria de Tecnologias da Informação e Comunicações que, em tempos como estes, tem possibilitado continuar a actividade laboral através do teletrabalho e reuniões virtuais como a que promoveu o FEI. Concordou com o Presidente do Fórum no ponto em que os três exemplos de voluntariado para dar soluções sanitárias à crise actual, divulgados no evento online, mostram a linha de trabalho do FEI ao oferecer propostas consensuais e desenvolvidas na forma de «inovação aberta» com empresas, universidades e administrações.

Francisco Marín e Luis Fernando Álvarez-Gascón manifestaram-se orgulhosos porque os sócios do Fórum de Empresas Inovadoras está a participar e a impulsionar projectos solidários no actual contexto de crise sanitária provocada pelo coronavírus. Projectos inovadores que exemplificam a filosofia e o espírito do FEI e que, nas palavras de Marín «apostam em recuperar o protagonismo da sociedade civil, a cidadania organizada para dar solução aos problemas que nos afectam, em colaboração com os nossos legítimos representantes».

Antes de apresentar os três projectos expoentes da «atribuição de poder» à sociedade civil para dar resposta aos seus problemas e da colaboração público-privada, Luis Fernando Álvarez-Gascón recordou que o Fórum de Empresas Inovadoras é formado por um grupo de profissionais de contextos variados e com pontos de vista distintos, cujo propósito consiste em contribuir para que a inovação ocupe a posição que merece na sociedade espanhola. Trata-se de membros que partilham a convicção de que «a inovação é a solução para muitos dos desafios que enfrenta a nossa sociedade, como os relativos à sustentabilidade ou à competitividade necessária das nossas empresas, para além da mera redução de custos salariais». Porque a maneira de inovar mudou, «o novo paradigma é a inovação aberta, não inovamos sozinhos mas construímos sobre o conhecimento de terceiros e chegamos mais longe juntando aptidões». A título de exemplo de tudo isso, Alvaréz-Gascón deu a palavra a «três heróis que vão falar da sua experiência e que são prova de que desta crise também saem coisas boas».

 

PROJECTO CORONAVÍRUS UCM

Celia Sánchez-Ramos, membro do FEI e Directora do Grupo de Investigação de Neuro-Robótica e Neuro-Computação da Universidade Complutense de Madrid, apresentou o PROJECTO CORONAVÍRUS UCM cujo propósito inicial foi o de juntar em aptidões de realização o número de testes diagnósticos do COVID19. Para isso conseguiram-se homologar as equipas de PCR das Faculdades da Universidade em apenas dez dias e obter a certificação do Instituto Carlos III depois de múltiplos testes. Além disso, fez-se uma convocação a voluntários, técnicos de laboratório e médicos que souberam utilizar as equipas de PCR, medidoras da carga viral quantitativa dos doentes. Através do formulário Google inscreveram-se mais de 9000 voluntários. Hoje trabalha uma equipa de 50 pessoas na realização de 500 testes diários de diagnóstico (PCRs).

Com as capacidades disponíveis para testes de diagnóstico identificou-se o âmbito de actuação, determinando que as residências de idosos seriam o objectivo deste projecto. Identificaram-se áreas para melhorar a prevenção, tais como a necessidade de abastecimento de equipas EPIs para trabalhadores e residentes, assim como de produtos de desinfecção e higiene adequados a esta situação concreta. Actualmente, graças a doações de fundações e cidadãos, conseguiu-se comprar directamente aos fornecedores o material de diagnóstico e de protecção individual, fazendo chegar a mais de 50 lares os produtos necessários para a desinfecção diária. Hoje fazem-se 5000 testes e atendem-se 10.000 idosos por semana, recorda a médica. O objectivo consiste em «fazer dez mil testes diários para conter em Espanha a propagação do vírus. É necessário continuar a somar, sendo bem-vinda qualquer contribuição individual ou colectiva».

Pode contribuir para o Projecto Coronavírus UCM escrevendo para: [email protected]
Video do projecto 

 

MULTIPLICAR x10 AS CAPACIDADES

A síndroma da dificuldade respiratória aguda ou SDRA, que produz o coronavírus, requer um tratamento com aplicação de oxigénio suplementar e ventilação mecânica para levar oxigénio adicional ao sangue. Isso consegue-se graças aos respiradores que foi necessário multiplicar por meio de um projecto de inovação aberta e de colaboração público-privada, destinado a salvar vidas. O "milagre" foi protagonizado, em duas semanas, pelo Ministério da Indústria e pela AMETIC que deu mandato a Ezequiel Navarro, Conselheiro-Delegado da Remo e membro do FEI, para se juntar à imprescindível participação das empresas familiares Hersill e Escribano e ao apoio da Secretaria-Geral da Indústria.

Conforme explicou o próprio Navarro, tudo começou com uma proposta num fórum do LinkedIn -- «Fazer algo rápido e seguro: multiplicar a capacidade de produção de respiradores homologados. Converter em auto-estrada um trilho já explorado e seguro». Montou-se «uma equipa internacional numa convocação que registou mais de meio milhão de interacções» e para começar «era necessário identificar os possíveis sócios, causas de retardamento e obstáculos a superar». Dois centros tecnológicos e mais de 15 empresas estiveram nos cenários, dando suporte a um desafio que requeria solução para a escassez de respiradores e estava a levar os profissionais de saúde a tomar decisões muito comprometidas.

E com todos os vimes prontos conseguiu-se tecer o tapete mágico para voar e multiplicar por 10 a capacidade de produção de respiradores homologados em Espanha, num raio de 30 km em torno de Madrid. A colaboração entre as PMEs familiares e os agentes mencionados conseguiu que na Espanha se produzissem semanalmente 700 respiradores em vez de 70. Foi um exemplo de sucesso da colaboração pública e privada.

Vídeo do projecto

HACKATHON «MADRID VENCE O VÍRUS»

Encontrar soluções em três frentes: na saúde, na solidariedade e na economia. Com este objectivo nasceu o Hackathon «Madrid bence o virus», uma iniciativa organizada com êxito em três semanas pela Comunidade de Madrid e que, em circunstâncias normais, teria levado pelo menos um ano. Os números: 8000 inscritos de 49 países; 700 propostas de acção; 50 avaliadores e 244 projectos viáveis apresentados por científicos, universitários, profissionais inovadores e membros da sociedade civil com ideias para enfrentar os desafios que apresenta a pandemia do Covid-19.

Conforme explicou Alejandro Arraz, membro do Fórum de Empresas Inovadoras e Assessor Técnico do Conselho da Ciência, Universidades e Inovação da Comunidade de Madrid, para concretizar o Hackathon «trabalhou-se em rede tirando proveito do ecossistema inovador que é Madrid e realizando-se por parte da sociedade civil um grande exercício de generosidade em que a Comunidade de Madrid disponibilizou os meios para tornar isso possível».

O Hackathon virtual celebrou-se em colaboração com entidades do sistema madrileno de universidades, investigação e inovação. O resultado: «Uma centena de projectos para trabalhar e 20 para arrancar» a fim de continuar a dinamizar a economia da Comunidade de Madrid em modo «Agile» e salvando vidas.

Conforme concluiu Alejandro Arranz «nesta crise todos temos aprendido o valor da inovação e esperamos que depois desta lição o ensinamento não passe de moda e persista após esta situação».

 

Francisco Marín anunciou que, no fim deste mês, a entidade concluirá um documento de recomendações para sair desta crise, com ideias-chave como a aposta pela democracia e pelo estilo de vida europeu; A aposta em capacidades industriais e inovadoras próprias de um contexto macro-económico viável e que além disso tenha como premissa a sustentação do Estado de Bem-Estar e a melhoria das condições de vida dos cidadãos.

Luis Fernando Álvarez destacou como positivo o facto de esta crise ter valorizado o papel da ciência, da tecnologia e de uma indústria nacional capaz de auto-abastecer o país em situações como a pandemia actual. De tudo isto, portanto, «é necessário tirar conclusões e olhar para o futuro como já estamos a fazer no FEI».

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