Conhecimento, inovação e talento perante o repto da digitalização

A nível mundial, a economia digital representa uma oportunidade para o desenvolvimento sócio-económico. Para além dos efeitos positivos no acesso aos serviços básicos (educação, saúde, governo, serviços financeiros, etc.), esta digitalização constitui uma oportunidade em eficiência e competitividade nas empresas de todos os setores.

A Fundação Luso-Espanhola, a Fundação Euroamérica e a Casa da América Latina, com o objetivo de procurar áreas de cooperação entre a América Latina e a União Europeia em face do repto da digitalização, organizaram em Lisboa o seminário “Desafios da transformação digital e do conhecimento no espaço Iberoamericano”. Luis Fernando Álvarez-Gascón, Diretor-Geral de Secure e-Solutions na GMV, participou na primeira sessão do evento em que se analisou a transformação pela qual estão a passar a economia e a sociedade com a revolução tecnológica. Durante uma jornada analisou-se o presente e o futuro da economia perante o desafio digital, tanto do ponto de vista da experiência de empresas em diferentes sectores produtivos e de entidades iberoamericanas implicadas no desenvolvimento da região, como do ponto de vista institucional.

As autoridades e peritos da América Latina e da Europa concordaram que há muito a fazer para se conseguir uma transformação digital efetiva, o que se pode exemplificar pelo défice em conectividade e infraestruturas da América Latina. É uma clara demonstração de que não há condições de responder ao desenvolvimento tecnológico da região e que há fatores a priorizar para potenciar a transformação digital em todos os âmbitos. Perante o futuro, são desafios que constituirão os motores da evolução para os países no rumo da economia digital, gerando um ambiente em que se utilizarão enormes volumes de dados disponíveis para serem transformados em conhecimento e boas decisões. “A Ciência e a Tecnologia são os melhores aliados para superar os grandes desafios que se apresentam à Humanidade em áreas como a saúde ou os transportes. Por outro lado, temos que estar conscientes dos riscos associados à transformação digital em áreas como a privacidade e a cibersegurança, enfrentando-os adequadamente. A Europa e a América Latina partilham cultura e valores, o que lhes dá uma visão comum destes desafios”, argumentou Álvarez-Gascón.

Juntamente com os desafios em investimento e infraestruturas, a outra chave mencionada para dar um salto na transformação digital está nas pessoas, especialmente no que toca ao conhecimento digital e à formação do capital humano. O talento é uma clara necessidade a nível global, devendo intensificar-se pela educação para se conseguirem profissionais qualificados e capazes de realizar os desenvolvimentos necessários. Não se deve recear a digitalização pois esta nova revolução não representa a perda dos nossos postos de trabalho por se utilizar a automatização de certos processos e a robotização em determinados empregos. Com esta revolução digital surgirão novas profissões e oportunidades que implicam a digitalização do talento, uma das principais alavancas para que as organizações consigam realizar com êxito a transformação dos seus negócios.

A Secretária-Geral Iberoamericana, Rebeca Grynspan, fez uma análise da situação da América Latina perante a transformação digital, definindo-a como “mais acelerada que no resto do mundo”. Neste sentido, lembrou que a Internet, utilizada por 17% da população em 2015, passou a mais de 56% em 2016. Durante a sua intervenção, insistiu nos temas anteriormente citados, como a necessidade de realizar maior investimento em infraestruturas, ciência e tecnologia, e em melhorar a qualidade educativa para que a região aproveite a revolução digital e incremente assim a sua produtividade.

Ricardo Vaca Berdayes, Perito em Comportamento Social e Professor da Universidade de San Pablo CEU de Madrid; Ana Teresa Freitas, CEO de HeartGenetics, Genetics and Biotechnology; Luis Fernando Álvarez-Gascón, Diretor-Geral de Secure e-Solutions da GMV; João Vasconcelos, antigo Secretário de Estado da Indústria e Fundador de Startup Lisboa; Juan Jung, Diretor de Políticas Públicas de ASIET, Associação Interamericana de Empresas de Telecomunicações; Helena Martins, Diretora de Políticas e Assuntos Públicos na Google Brasil; e Tiago Vidal, Diretor-geral de Llorente & Cuenca Portugal.